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terça-feira, 18 de outubro de 2011

A fábula da bertalha cozida

O que uma fábula faz em um blog de fotografia? Quem ler só o título pode achar off-toppic, mas depois de ler tudo vai entender. E ainda, o blog não é só de fotografia. Ele é predominantemente de fotografia, mas tem outros assuntos, tanto é que já publiquei até receita de comida.

Me contaram esta fábula como verdade, como caso ocorrido, mas não tenho como comprovar isto.

A fábula

Um homem gostava muito de bertalha cozida, mas nunca tinha preparado, ou visto ser preparada. Então ele comprou uma quantidade de bertalha e pediu que a esposa cozinhasse. Quando ele foi comer, ele reclamou com ela que era muito pouca bertalha, e que ele tinha comprado mais do que aquilo.

Dias depois ele comprou de novo, mas desta vez comprou bem mais bertalha, a ponto de encher um panelão. Na hora de comer, tinha um pouco, o que equivalia a um prato. Ele brigou com a esposa, gritou com ela, acusou-a de jogar fora a bertalha que ele comprava, de não querer que ele comesse algo que gostava, de ser preguiçosa etc. Ele não acreditou no que ela falava, que ela tinha feito toda a bertalha que ele tinha comprado.

Dias depois, de novo. Comprou uma boa quantidade, e no final só tinha um prato, depois de cozida. Ele brigou com a esposa, acusou-a de jogar fora quase toda a bertalha, bateu nela, e acabou matando-a. Depois se livrou do corpo.

No dia seguinte ele resolveu se empanturrar de bertalha, já que não tinha a esposa para jogar fora quase tudo. Ele encheu um panelão, e começou a cozinhar. Enquanto cozinhava, ele viu a bertalha encolhendo... encolhendo... encolhendo... até que só restou a quantidade de um prato, o mesmo prato de bertalha que a esposa tinha dado para ele... Então ele caiu em si... e enlouqueceu... Ele saiu pela cidade falando repetidamente, catatônico:

- Matei a minha mulher... à toa... à toa... Matei a minha mulher... à toa... à toa... Matei a minha mulher... à toa... à toa...

Explicações

Uma fábula não é uma história comum. Ela serve para um fim, que é explicar uma ideia, um conceito, uma lição, o que é chamado de "moral da história".

Esta fábula, como muitas delas, pode ser interpretada por muitos lados. Vou explorar alguns deles.

Quando não se conhece um processo, você não é competente para julgá-lo, para dizer se é fácil ou complicado, rápido ou demorado, barato ou caro etc. Se tentar julgar, terá grandes chances de cometer injustiças.

Muitas vezes injustiças não são reversíveis, e você pode pagar caro, inclusive com a sua consciência. Cuidado ao julgar e condenar alguém, especialmente em relação a algo que você não conhece.

É muito fácil falar algo de alguém, do trabalho, do conhecimento etc, de alguém se você não sabe realmente do que está falando, mas quase certamente estará falando besteira.

Tem gente que acha que "fazer um motor" é só abrir o motor, trocar umas pecinhas, e montar de novo. Eu não conheço o processo, mas por conhecer outros processos, acredito que para "fazer um motor" tenha uma quantidade grande de etapas, de verificações, talvez testes intermediários etc. (Quem souber o processo, pode dar uma descrição rápida nos comentários. Sei que uma explicação detalhada dá um curso de mecânica.)

O trabalho de fotógrafo também é mal julgado: "O que? Dois mil para fotografar o casamento e mais quinhentos para fazer o álbum? É só apertar uns botões e depois imprimir as fotos e colar com cola plástica no álbum."

Portanto, antes de "matar a sua esposa", conheça o processo. Cozinhe a bertalha você mesmo, e não deixe isto para depois que "matar a sua esposa".

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