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terça-feira, 2 de abril de 2013

Fotografando MRUA - Execução

Para entender este artigo é fortemente aconselhável ler o artigo Fotografando MRUA - Planejamento. Ele explica as bases teóricas desta experiência.

A execução da experiência foi tosca, muito tosca. Mas como as leis da física não mudam, não importando quão tosca seja a experiência, as fotos são válidas.

Os problemas esperados não aconteceram, portanto a bola amarela funcionou muito bem, não precisando envolvê-la com papel aluminizado, não precisei procurar um paralelepípedo para fazer a experiência. Um grande problema foi o clima, que choveu muito nos últimos dias. Cheguei a sair para fazer a experiência mais de uma vez, mas começou a chover.

Em um teste em casa não revelou problemas com alcance do controle remoto, mas no lugar aberto aconteceu. Em casa eu estava em um corredor estreito de paredes brancas, então estas paredes podem ter ajudado à luz dos LEDs chegarem na câmera, o que não aconteceu no espaço aberto. (Ver DSLR Remote.)

Descobri que não precisava de um fundo tão escuro quanto achei que precisaria. Claro que teria ajudado, mas não foi necessário. Eu me preocupei demais em arrumar um local para a experiência por causa disto.

Fiz a experiência junto às estrada de terra que contorna o Centro Histórico de Paraty. Tinham pontos iluminados com fundo escuro. Fiquei diante de uma casa que tinham duas fontes de luz, uma de cada lado, que faria com que a bola fosse mais uniformemente iluminada.

Vamos ao relatório.

Medição da palma da mão

A medição na palma da mão deu que, usando F1.8 e tempo de exposição de 1/3 s, eu iria precisar entre ISO 400 e ISO 800. Resolvi arriscar com ISO 400.

Comecei com uma grande abertura para precisar pouca potência no flash, senão não poderia fazer as fotos com flash estroboscópico.

Teste de fundo

Resolvi fazer o teste de fundo com 30 s de exposição. O resultado está abaixo.

ISO 400, F1.8, 30s.

Fiquei meio preocupado, pois parecia estar meio no limite, então pensei em fazer outro teste, o de 0.5 s de exposição.

ISO 400, F1.8, 1/2 s.

Ficou bastante escuro. Então aqui tem uma conclusão: A estimativa de 6 EV para a separação do fundo foi mais do que o suficiente, e talvez até exagerada.

A dúvida é o chão, que tinha um gramado. Mas como esta experiência estava muito atrasada, eu não queria perder tempo, pensei "Vai ser aqui mesmo.". No dia anterior começou a chuviscar quando escolhi o local, antes mesmo de testá-lo.

Preparação

Medi aproximadamente 3.2 metros, usando a minha envergadura, que é pouco maior de 1.80. Não é muito preciso, mas quebrava o galho. Coloquei a câmera em foco manual, e coloquei o foco da lente em 3 metros.

Teste de rastro

Agora tinha que testar a exposição da queda da bola. Isto definiria se ela deixaria um bom rastro ou não. Se precisaria aumentar a sensibilidade ou não.

ISO 400, F1.8, 1/2 s.

Foi aqui que as coisas começaram a dar errado. Descobri que o controle remoto não estava dando o alcance de 3 metros. Isto é, o meu celular não tinha potência de áudio suficiente para acender os LEDs Infravermelhos para alcançar a câmera. (Ver DSLR Remote.)

Em um teste prévio em casa tinha funcionado sem problemas. Aí me lembrei que tinha feito em um corredor estreito, com paredes brancas, que poderiam ter refletido o sinal de Infravermelho. Agora estava em lugar aberto, onde o sinal dispersa completamente.

Tive que me aproximar da câmera, e ainda esticar um braço para que o celular ficasse mais perto da câmera. Então eu também não conseguia levantar bem a mão.

Na hora pensei em uma solução para o problema de alcance. Um cabo de extensão de áudio P2, com uns 4 a 5 metros, e um arame para prender os LEDs diante da câmera. Mas não tinha como conseguir isto na hora. Então teria que prosseguir como fosse possível, ou abortar.

Outro problema, que era esperado e aconteceu no teste em casa, era sincronizar a queda da bola com o disparo da câmera, com o apertar do controle remoto. Com um pouco de prática foi "resolvido". Foi também uma dose de tentativa e erro.

Pelo menos o teste de rastro foi bom. Gostaria que tivesse sido um rastro mais claro, mas funcionou. A bola deixava um bom rastro. Ela era clara e larga o suficiente.

Agora, escrevendo este relatório, vi que a câmera não estava perfeitamente em 90 graus. Acho que estava um pouco mais. A queda não aparece perfeitamente vertical. Acho que foi um dos efeitos da pressa e da tosqueira que foi a experiência.

Flash estroboscópico

Como estava muito afim de ver o efeito da queda em múltiplos disparos de flash, e também existia um limite de potência aqui. Para 5 disparos a 10 Hz a câmera limita a potência para 1/8 da potência máxima, então tinha que testar a potência e como a bola apareceria.

ISO 400, F1.8, 1/2 s. 5 disparos de flash a 1/8 da potência máxima, a 10 Hz.

Na primeira vez a bola rolou na minha mão, o que imprimiu um pequeno movimento horizontal.

ISO 400, F1.8, 1/2 s. 5 disparos de flash a 1/8 da potência máxima, a 10 Hz.

Aqui dá para ver que o foco está ruim, mas a bola ficou muito bem marcada. Até sobrou potência no flash.

Dá para ver perfeitamente que ela cai acelerando, em MRUA. Cada vez mais afastada. Também dá para ver que seu rastro está atenuando conforme ela acelera.

Não foi necessário embrulhar a bola em papel aluminizado, como eu tinha pensado que poderia ser necessário.

Poderia ter feito um disparo com a bola na mão, mas preferi testar em queda logo de uma vez, justo na situação mais complicada da experiência.

Já sabia que as condições do teste estavam prejudicadas, mas que não o inviabilizava. Como falei antes, tosqueira não muda as leis da física. Acho que foi a Lei de Murphy se aplicando na experiência.

Primeira cortina

Agora era a vez de testar a primeira cortina. Nele a bola começa a queda, começa a exposição da câmera, com o flash disparando logo em seu início, e então a exposição continua, mostrando o rastro da bola.

ISO 400, F1.8, 1/2 s. Um disparo de flash em primeira cortina.

Perfeito. A bola aparece marcada pelo flash, e depois continua a sua queda, deixando o rastro. A experiência mostrando que a realidade bate com a teoria.

Aqui foram várias tentativas até fazer uma foto boa, sincronizando a queda com a câmera.

Flash em segunda cortina

Nesta a bola cai, deixando rastro, então o flash dispara, congelando e marcando bem a bola, e depois termina e exposição, sem mais rastro da bolinha.

ISO 400, F1.8, 1/2 s. Um disparo de flash em segunda cortina. Fiz um corte por que apareci demais na foto.

Perfeito. Exatamente como esperado.

Aqui houve um pequeno aumento na tosqueira. Eu apareci demais, então fiz um corte na imagem. Também foram várias tentativas até ter uma foto razoável.

Sobremesa

Depois de fazer as fotos que precisava, estando feliz, resolvi fazer uma brincadeira.

ISO 400, F1.8, 1/2 s. 5 disparos de flash a 1/8 da potência máxima, a 10 Hz.

Joguei a bola para fazer uma parábola, e fotografar ela neste movimento.


Congelamento em Velocidade de Sincronismo

Quase me esqueci de uma situação importante, mas me lembrei a tempo. Não poderia faltar uma foto com a Velocidade de Sincronismo, que é o menor tempo de exposição no qual ainda pode-se disparar um flash e cobrir a imagem toda.

ISO 400, F1.8, 1/200 s. Um disparo de flash. Fiz um corte por que apareci demais na foto.

Sem rastros visíveis da queda da bola. Ela não estava em velocidade grande o suficiente para deixar um rastro aqui, com um tempo de exposição tão curto.

O que faltou

Eu devia ter feito outros tempos de exposição, como 1/4 s, 1/8 s etc, para apresentar trajetos mais curtos. Acho que seria interessante.

Conclusões

Apesar dos problemas, da tosqueira, acho que a experiência foi um sucesso. Consegui mostrar o que queria mostrar.

Considerações finais

Eu mudaria algumas coisas se fosse realizá-la de novo. Tentar em um estúdio no qual eu pudesse controlar a luz e o fundo, ou procurar um fundo melhor. Resolver o problema de alcance do controle remoto. Posicionar a câmera com mais cuidado. E mais algumas coisas.

Acho que se eu tivesse um estúdio no qual eu pudesse criar o cenário, teria tido mais controle da situação, e teria ficado menos tosco. Poderia ter feito a experiência com menos problemas.

Eu estava muito ansioso para fazer esta experiência, pois ela foi atrapalhada pela chuva diversas vezes, então quando eu tive a chance, meti cara quase de qualquer maneira, antes que viesse a chuva de novo.

Se alguém tem estúdio e queira refazer a experiência, me chame. Eu adoraria participar, e ainda sei coisas que podem dar errado e como contornar. Tenho novas ideias para a fotografia estroboscópica. E também posso levar a mesma bolinha.

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